Embora haja toda a fantasia em torno da
vida de uma garota de programa, a obra em questão é bem pé no chão: não a
glamouriza, mas também não é hipócrita em dizer que tudo é ruim na
carreira que Bruna Surfistinha escolheu seguir. Para o desespero de
alguns que, na época caíram matando nos relatos da autora, incomodados
por verem uma prostituta ganhar tanta projeção na mídia. Essa
provocação, que prossegue pertinente até hoje, também é um ponto
positivo para o livro.
Hoje, reler O Doce Veneno do Escorpião não gera o mesmo impacto. Até porque, depois de Bruna, vários outros títulos na mesma linha foram lançadoscom livros como 50 Tons de Cinza
sendo vendidos aos montes e até mesmo uma turma de 14, 15 anos,
atualmente, provavelmente já viu mais por aí do que eu e meus amigos
havíamos visto naquela época. Sem falar que outras falhas, como a
linguagem simples até demais, são notáveis sem o filtro da primeira
empolgação.
Mas além da provocação supracitada,
aquele efeito magnético de sua leitura permanece quase intacto. Porque
mesmo sem admitir, grande parte de nós adora uma história que tenha
certo tom de segredo, ou uma confissão sem muitos filtros. E é isso que O Doce Veneno do Escorpião te serve.
Acompanhantes Florianopolis, SC